quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Artigo de Opinião


A educação infantil é o espaço e o tempo inicial para o desenvolvimento das relações por meio das interações. Falar sobre as interações é fácil, afinal a cada passo, olhar, palavra, gesto, movimento estamos interagindo com as pessoas, os espaços, os objetos. Mas quando estamos falando sobre as relações e interações nos espaços educativos destinados para as infâncias, precisamos concentrar esforços sobre a complexidade e a sensibilidade de INTERAGIR. Quando interagimos temos a oportunidade de AFETAR o outro, a nos mesmos, o espaço, o tempo… mas o movimento de afetar está diretamente atrelado ao sentimento de PERTENCER, por isso pontuo que antes das interações e brincadeiras, o movimento fundante da educação infantil precisa ser o de pertencimento.

Quem vive as infâncias?

Quem tem propriedade para escolher os caminhos das infâncias?

A quem pertence a escola de educação infantil?

A criança tem espaço para apresentar suas preferências?

O currículo da educação infantil efetivamente compreender as infâncias?

Esses são alguns pontos que nós precisamos refletir principalmente para promover uma mudança visando garantir os direitos das crianças e a materialidade do pertencimento das infâncias.

Uma frase muito falada e ouvida e a de que “as crianças não sabem” por isso nos adultos nos apropriamos dos caminhos e escolhas para as infâncias. 

Se é o adulto que define o que é melhor para a criança, como será possível a criança PERTENCER a infância? Muito se fala sobre as crianças e as infâncias, mas pouco de ouve as crianças. 

Quem são os especialistas das infâncias? Esses não deveriam ser as próprias crianças?

Garantir os direitos das infâncias e das crianças perpassa pela garantia do direito de pertencer.

A BNCC apresenta 6 direitos de aprendizagens para as crianças na educação, e ao analisá-los é possível associá-los com o PERTENCIMENTO. 


Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.

Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e

diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.

Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.

Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.

Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens.

Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.


Se a infância é o tempo da criança e a escola de educação infantil é para a criança, porque nossas crianças continuam sendo privadas de uma educação pensada/praticada por elas?


3 comentários:

  1. Perfeita reflexão Profa. Joice. Nós enquanto educadores devemos sempre ter em mente a quem se destina a educação infantil e qual a nossa função no desenvolvimento do ser criança e das infâncias que passam por nós.

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    1. Obrigada pela visita professor Flávio, a educação infantil pertence as infâncias e é necessário que as crianças tomem posse desse espaço que é para elas.

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  2. Muito bom o texto, um excelente ponto para reflexão.

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